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Ep. 3 | O vídeo como espelho do teu brilho

Links referidos neste episódio:

FAZER VÍDEOS COM TELEMÓVEL

para as redes sociais

Livro fazer vídeos com telemóvel para as redes sociais, Carolina Monteverde, Smile Stories

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Transcrição:

 

Elsa: Eu só quero poder curtir a minha imagem agora. Mas a minha relação com o espelho não é fácil. Não é mesmo fácil, não vou dizer que é.

 

Carolina: Bem vindos ao Brilha Sem Filtros, o podcast para quem acredita que o mundo será um sítio melhor se resgatarmos a nossa autenticidade e fizermos o caminho de regresso à nossa essência, ao nosso brilho, sem filtros. Eu sou a Carolina, sou a voz pela autenticidade e acredito que se estás a ouvir este podcast é porque fazes parte da comunidade de pessoas que querem transformar o mundo num sítio melhor. E como sabes, hoje estamos no terceiro episódio do nosso podcast com a nossa querida Elsa. Bem vinda, querida.

 

Elsa: Obrigada.

 

Carolina: Como é que tu estás hoje? E vamos fazer, responder esta pergunta do mesmo lugar de sentir primeiro, ouvir o teu corpo e a quem está a ouvir, se tiver oportunidade também de parar um bocadinho e de se conectar com o seu corpo e ver o que é que ele lhe diz hoje, como é que ele está, se está a relaxar, se está mais tenso, só observar. Então, vou te pedir que faças essa observação e me respondas como é que te sentes hoje?

 

Elsa: Eu hoje sinto muito bem, hoje acordei bem disposta, sinto-me muito bem. Estou tranquila, hoje estou tranquila.

 

Carolina: Que bom. Nós acabamos a nossa última sessão de uma forma assim um bocadinho dura porque tu acedeste aí uma, tiveste uma tomada de consciência muito importante daquela situação com a tua professora que te colocava às orelhas de burro em frente à turma toda. Então, eu convidei a que te refletisses um bocadinho sobre isso e a levares isto um bocadinho para entre sessões. Queria te perguntar onde é que tu estás hoje? Como é que foi esta última semana? Porque decorreu uma semana entre a gravação do último episódio esta. O que é que tu percebeste? Que tomadas de consciência tiveste?

 

Elsa: Foi… Eu saí daqui muito, muito mexida. Muito mexida. E dormi mexida e quando acordei continuava bastante mexida. Portanto, foi uma tomada de consciência muito forte para mim. Eu sabia que aquilo não tinha sido agradável. Não tinha percebido era que isso tinha tido um impacto gigante e enorme desde esse momento e toda a minha vida na minha interação com grupos e a minha incapacidade de falar para muita gente, em festas ficava sempre mais recatada. Enfim, até acho que provavelmente influenciou a minha profissão, o que eu poderia ter feito. Então, foi essa tomada de consciência. Primeiro perceber como aquilo ainda mexia comigo. E digo mexia porque esta semana aproveitei para trabalhar também muito sobre isso, não é? Portanto, aquilo mexia mesmo comigo a um nível, a um ponto muito profundo. E eu não tinha essa consciência. Eu sabia que aquele episódio existia, mas não tinha consciência como tinha influenciado a minha interação com os outros e com o mundo, com a vida. Então foi muito doloroso. Foi muito doloroso. Depois o que é que nós fazemos nestes casos? Bom, isto está em cima da mesa, portanto vamos lá olhar e vamos lá perceber.

 

Carolina: Deixa-me só dizer-te que fazemos, nós, pessoas como tu que são corajosas o suficiente para o fazer, não é? E este, eu gostava só de, enfim, pararmos neste momento porque muitas vezes na nossa vida, quando vem situações difíceis, a nossa tendência natural para nos protegermos é fugir ou evitar a situação difícil. Então acho que é de uma enorme coragem da tua parte, perante uma circunstância tão dolorosa para ti, tu olhares e dizeres ok, estás aqui em cima da mesa e vou olhar para ti.

 

Elsa: Sim, porque era mesmo isto, portanto eu senti, revivi, senti e quis perceber o que é estar com 6, 7, 8, 9 anos, que era o que eu tinha naquela altura, então entrei com 6 anos e saí com 10, na altura era primária, agora é a primeira ciclo, a ser humilhada e obrigada a ter que olhar para os meus colegas de turma, enquanto era humilhada daquela maneira, em cima de um estrado, porque nós tínhamos aqueles estrados, olhá-los nos olhos e sentir essa humilhação. Eu não sou capaz, eu não sou suficiente. Não era só... Era obviamente uma questão intelectual, mas era a minha imagem também era a minha imagem. Não era só a minha imagem que estava ali, era o meu corpo exposto ali. E como isso me marcou. Então não foi nada agradável reviver tudo isso. Aquelas emoções, aquela vergonha, aquela humilhação e aquele estado de me sentir burra e insuficiente. Não foi fixe, não foi. Não foi. E ocorreram várias coisas do género. Eu não quero continuar este podcast. Eu senti, falámos sobre isso aliás, eu não me sinto preparada para ir para o mundo. Eu não sei. A minha imagem... Ai, ai, ai, ai, ai, ai. Vou ser outra vez humilhada, vou ser outra vez... Fui a esse lugar.

 

Carolina: Deixem só eu explicar às pessoas que nos estão a ouvir que é Elsa no dia a seguir de manhã. E ligou a fazer esta partilha, a dizer "eu não sei se eu vou ser capaz, eu estou mesmo num sítio muito difícil, acedi a um lugar que não tinha percebido o quão doloroso isto era e disse "eu confio em ti, mas eu preciso de te dizer que eu neste momento não sei se vou ser capaz de pôr este podcast no mundo. E eu achei maravilhoso essa partilha e esse lugar e sabia, aliás respondi na altura a dizer que eu sabia que tu ias sair desse lugar, que fazia parte e o que estava a acontecer naquele momento é o que acontece com todos nós quando nos deparamos com uma situação difícil o nosso mental quer imediatamente tirar-nos dali. Que é para não doer. Pronto, é uma proteção e não é uma coisa má obrigatoriamente. A questão é, se nós evitamos permanentemente a dor nós evitamos também a tomada de consciência e o crescimento. E quando tu assumes perante mim "eu não sei se vou ser capaz" e eu te digo "nós vamos fazer, confia" e o podcast está a ficar lindo e a partilha está a ficar linda e isto vai ser um caminho que vai ser superado. Porque eu sabia que tu tinhas e tens todas as ferramentas para fazer esse caminho e as coisas. Enfim, irias aceder a essa memória de uma forma muito amorosa até e então foi muito bonito porque no início quando eu ouvi o teu áudio, a Elsa deixou um áudio no Whatsapp, quando comecei a ouvir a minha primeira reação foi "oh meu Deus, eu não estou a acreditar, ela está neste lugar" e então fiquei aflita entre a Carolina amiga da Elsa, que está preocupada com a sua amiga e a Carolina da SmileStories que está preocupada com o seu podcast. E eu pensei, não, mas não faz mal. No final do dia se ela não quiser, o podcast não vai para o ar e foi o que eu te disse nessa mensagem. Foi no final do dia o mais importante para mim é a nossa amizade e o teu bem estar e se tu não quiseres, o podcast não vai para o ar. E atenção que esta data que tivemos esta conversa eu já tinha divulgado ao mundo o pré lançamento do podcast para ser lançado no dia 21 de março. Portanto, eu tinha plena consciência do impacto que isto teria, mas para mim era claro como a água. Dito isto, só para explicar às pessoas desta conversa que nós tivemos e interrompi-te, continua por favor a explicar o que é que aconteceu depois desta nossa conversa.

 

Elsa: Foi isso, foi eu perceber que estava num lugar frágil, muito vulnerável e deitei me, completamente desfeita. Eu estou num lugar muito frágil e muito vulnerável e muita gente vai ouvir e vai me ver neste lugar. Ai, ai, ai, ai, ai. Voltei à primária. E acordei à meia da noite e lembrei-me da Brené Brown. Lembrei me, acordei à meia da noite a lembrar dela e do conceito que ela usa, que ela tem, que é estar na arena. Na altura, quando eu ouvi isto, isto fez imenso sentido. Ela conta a história, para quem não sabe, ela conta a história, ela fez um TED Talk e no dia a seguir percebeu que aquilo tinha, ou no dia a seguir, não importa, os detalhes não importam, ela percebeu que aquilo tinha tido milhões de visualizações. E então sentou-se toda satisfeita, em frente ao computador e começou a ver os comentários. E muitos dos comentários eram extremamente desagradáveis. E eram essencialmente, tinham a ver essencialmente com a figura dela, com o corpo, com o peso, com o que é. Enfim, eram comentários muito desagradáveis. Ela ficou de rastros. Eu não me consigo recordar exatamente, porque eu já li este livro há alguns anos, não me consigo recordar exatamente os dias que ela ficou assim em casa de pijama e eu não consegui sair, não conseguia digerir aquela vergonha que teve. E daí surge este conceito de arena. É muito fácil para aqueles que não estão na arena criticarem e julgarem quem lá está, a fazer o melhor que sabe e pode. E a expor-se. E ela diz, quando quiseres estar a falar comigo do mesmo nível, vem para a arena, e aí eu vou escutar aquilo que tu tens para me dizer. Isto foi de madrugada, eu acordei de madrugada e pensei, tenho o assunto resolvido. E efetivamente partiu daqui esta minha re-significação do que era. Isto depois foi-se apurando, não sei se tu queres que eu conte já a história toda, se queres meter aqui outros comentários pelo caminho, mas foi se apurando.
 
Carolina: Sim, se calhar conta a história.

 

Elsa: Vou abreviar, porque não vale a pena entrarmos também... Outra das coisas que eu acredito profundamente é que vamos lá, reconhecemos, fazemos, mas não vale a pena dar a achafurdar muito na coisa. E eu utilizo muito o humor, utilizo imenso o humor para fazer as minhas catástrofes e para fazer os... O riso também é uma catarse muito importante. Não tem que ser só choro, ou não tem que ser só berros, ou não tem que ser só... Ah, sim. Ok? O riso é muito importante. Long story short. Eu ontem fui ao meu terapeuta e levei este tema. Para mim era importante este tema ser falado. Este meu medo de me lançar. Tudo isto por coincidência, e não é nada coincidência, eu estou, como tu sabes, a organizar e a lançar, e vou lançar brevemente, quando isto sair também já está no ar, o meu primeiro programa, em que vou estar com vídeo, vou estar a fazer online para o mundo, para quem quiser. Então está tudo tratado ao mesmo tempo. E eu ontem fui lá, e hoje até escrevi um post sobre isso, porque queria falar com ele deste tema, e ele disse uma coisa muito engraçada, que é: Elsa, ao estar disposta, numa idade tão tenra, perante uma humilhação dessas, quando não tinhas recursos, quando não tinhas nada, foi a maior prenda que tu podias ter tido. Porque não há audiência agora que te possa dar medo. Porque tu agora eras uma mulher empoderada, queres lá tu saber o que é que os outros vão dizer. E aquilo foi super importante para mim, eu de facto saí daquele lugar de criança que não tem recursos, que está a começar a vida é a primeira vez que está numa aprendizagem de carteira com alunos, com colegas, com professor, com avaliações e nessa primeira abordagem que eu tenho ao ensino, levo com uma experiência destas, portanto, de facto agora se eu tiver que falar para mil ou duas mil pessoas, eu quero lá saber o que é que eles pensam de mim.

 

Carolina: Sim, e o que é bonito é, quando nós trabalhamos os traumas da nossa criança, não é? O que é bonito nesse trabalho é aquilo que tu estavas a dizer, é que nós depois somos a adulta a olhar para a criança e a sentir compaixão pela criança, não é? E a poder abraçar a criança. E quando nós trabalhamos e abordamos e vemos o que aconteceu, não é? E o trauma, neste caso, isso foi um trauma para ti. Nós podemos, a partir daí, em vez de reagir pelo trauma inconscientemente, tendo consciência, nós podemos agir. Quando a criança vai, não é? Porque a nossa primeira reação é "ai, medo", a adulta pode observar isto e dizer "não, espera, isto é a minha criança interior que está a reagir a isto". A adulta sabe que está num local seguro. E sabe, e era aqui que eu queria ir hoje no nosso episódio, sabe que é amada. Porque esta foi uma questão que tu falaste na nossa sessão anterior, que foi "eu senti que não era suportada, que estava com as orelhas de burro virada para toda a gente e ninguém me suportava, ninguém me ajudou, ninguém me amou, não sentiste amada. E este episódio, se nós no anterior falámos sobre este músculo imaginário que liga a nossa mente ao nosso corpo, hoje trago mais um músculo novo. Imaginário! Que é o músculo da amorosidade. E a amorosidade por nós próprias. Muitas vezes é mais fácil sentirmos amor pelas outras pessoas do que por nós próprias. E eu acredito mesmo que este amor próprio é também um músculo que precisa de ser trabalhado para que ele se mantenha tonificado. E quando ele se mantém tonificado, o que esse músculo tonificado permite é que nós estejamos atentas aos momentos em que deixamos de ser amorosas connosco. Então o título deste episódio é o vídeo como espelho do teu brilho. Eu acredito mesmo que o vídeo é mesmo uma ferramenta bonita para nós trabalharmos este efeito espelho para nós próprias. E hoje vai ser muito sobre isto, não é? Agora que já estás neste lugar em que já arrumaste Nesta história já percebeste a criança, já percebeste que a mulher adulta e madura não tem por que temer, pelo contrário, tem de se orgulhar. Aliás, eu disponibilizei à Elsa, antes da gravação deste episódio, os primeiros dois episódios só em áudio. A Elsa ainda não viu a imagem em vídeo, mas viu em áudio e eu gostava de começar por aí. O que é que tu achaste dos dois primeiros episódios? Quem está a ouvir o nosso episódio agora já ouviu os dois primeiros episódios, portanto podes falar sobre eles à vontade.

 

Elsa: Ou então fez batota e veio logo para o terceiro.

 

 

Carolina: Se fez batota, bota a fazer batota, mas ganha muito mais em ver desde o primeiro episódio, porque há aqui mesmo uma linha narrativa. O que é que tu sentiste ao ouvir esses dois episódios?

 

Elsa: Então é mesmo interessante isso porque isso vai confirmar este meu receio que é eu estou muito ok com a minha voz, eu estou muito ok em dizer aquilo que penso e que sinto. Eu não estou ok com a minha imagem. Então, mas gostei imenso, gostei imenso. Achei que éramos nós as duas, como somos sempre, nas nossas conversas, numa partilha entre duas mulheres que há muito tempo que estão a fazer esta jornada de autoconhecimento e de expansão. Então gostei muito e espero que as pessoas gostem. Eu acho que nós somos suspeitas. Acho que nós vamos sempre gostar. Não sei, não sei. Há pessoas muito críticas e que também nunca gostam nada do que fazem, não é? Mas eu acho que está uma conversa fluida e bonita e portanto eu gostei muito. Gostei mesmo.

 

Carolina: E gostaste muito da tua voz, que é uma coisa mesmo muito rara, querida.

 

Elsa:

Sim, eu gosto da minha voz.

 

Carolina: E tens mesmo uma voz muito bonita.

 

Elsa: Eu gosto. Pronto, ao menos isso eu gosto.

 

Carolina: Pronto, então agora vamos começar devagarinho a entrar no tema da imagem, não é? O facto de tu gostar de tua voz é maravilhoso, o facto de tu gostar das ideias que partilhaste é maravilhoso e de estás confortável nesse lugar é maravilhoso. Já, entre aspas, só falta a parte da imagem, não é? E esta é uma parte mesmo muito difícil, eu sei, atenção, eu não estou a desvalorizar, mas o que te estou a dizer é que já vens de um lugar muito bom porque quando já tens esse autoestima por quem és, pelo que pensas, pela forma como escolhes estar na vida, meu Deus, dá para perceber que já estiveste na arena várias vezes na tua vida, não é? E que de facto a tua arena neste momento já é um local, um sítio com bastantes ferramentas. Portanto, é uma honra fazer este caminho contigo e suportar-te neste bocadinho assim que falta para chegarmos lá. Então, dizer que... Vamos fazer primeiro aqui uma reflexão sobre o tema do espelho. O tema do espelho É algo que eu acredito que foi pessimamente mal significado pelos contos de fadas, porque na história da Branca de Neve, quem tem um espelho é a Bruxa Má. E a Bruxa Má, se te lembras, olha ao espelho para dizer "Espelho meu, espelho meu, quem no mundo é mais bonito do que eu?" E o espelho responde a Branca de Neve, que coitadinha, é princesinha, linda, bonita, a donzela da história, e que é atacada pela bruxa porque ela a vê no espelho. Então, parecendo que não, isto vai ficando aqui na nossa memória coletiva. E a primeira, para mim, a primeira coisa que eu gostaria de explorar contigo é esta dificuldade que nós temos na relação com o espelho mesmo. De nos vermos e não vermos o espelho como uma ameaça nem como um lugar de comparação porque o que a bruxa má faz quando olha para o espelho é garantir que não há ninguém no mundo que seja mais bonito do que eu. E então queria te perguntar como é que é essa tua relação com o espelho?

 

Elsa: Bom, eu começo por dizer que quando tu começas a falar, eu nunca sei do que é que vem daí. E eu agora pensei, agora vamos para os contos de fadas que têm um peso incrível e há mesmo um livro sobre a psicanálise dos contos de fadas. Porque eles de facto têm muita... Como as histórias da Disney, que também são os contos de fadas, têm muito peso no nosso inconsciente coletivo de sim. Então, eu nunca tive... Tendo eu estas questões com a imagem, eu nunca tive uma boa relação com o espelho. Nunca. E a sensação que eu tenho sempre é... Quando olho para mim com 40 anos, uau, estava incrível! Mas quando eu estava lá nos 40 anos, eu não me achava... Eu não me achava incrível. E isto foi sempre assim, olhando para trás, "Caramba, como é que tu não foste capaz de achar que tu eras incrível?" Mas agora não sou. Eu sei que vou chegar aos 60 e vou dizer "Uau, tu eras incrível nos 50". Eu só quero poder curtir a minha imagem, agora. Mas a minha relação com o espelho não é fácil. Não é mesmo fácil, não te vou dizer que é. Porque há sempre um... Se eu tenho esta questão, com a minha autoimagem, ela vem de dentro, portanto, esta minha... Eu não sei como é que tenho de explicar muito bem isto, porque não é que eu esteja a dizer que me acho feia, não é isso, mas estou sempre à procura de daquilo que não está bem. Sabe? Daquilo que poderia melhorar. É uma coisa... Eu gostava de dizer, eu não sei, vou subverter aqui as coisas, estamos no terceiro episódio, posso começar a desbundar.

 

Carolina: Desbunda!

 

Elsa: Então, este tema que nós falámos é mesmo importante. Eu acho que para toda a gente, o tema que falámos da... De irmos para a Arena. E ontem o meu terapeuta disse uma coisa muito bonita e que eu até escrevi hoje sobre isso. E disse que tinha sido ele que me inspirou. Porque o que ele disse foi, se não estamos dependentes daquilo que os outros pensam de nós, nós estamos tramados. E até aqui nós percebemos, todos nós percebemos isto. Mas ele acrescentou uma coisa muito curiosa que eu nunca tinha refletido sobre isto, que é... As pessoas andam todas muito feridas, são as suas feridas, nós caminhamos com as nossas feridas e, portanto, a crítica e o julgamento vem dessas feridas que são expostas cá para fora. E é isto que nós levamos. Quando alguém te faz uma crítica, ou um julgamento, é a ferida dessa pessoa que está a vir aqui na tua direção. Se tu estás dependente disso, estás tramada. Mas isso dá um passo mais importante. Portanto, ainda que é... E eu aqui também já cheguei. Quando alguém me elogia muito, eu também não fico com o ego insuflado. Não fico. Porque também vem de um lugar, de uma ferida qualquer, entendes? Então, é manter esta consciência que o feedback dos outros é muito eu devo e eu tenho que encontrar um espaço em mim. Sim. E...

 

Carolina: Exato. Sem dúvida nenhuma. E eu concordo em pleno com isso. Aliás, há uma frase que eu costumo repetir várias vezes, que é "o que o outro diz de nós, diz mais dele do que de nós. Sim, sim, sim. E eu costumo dizer isto quando me fazem elogios também. Quando as pessoas dizem "ah, quando vem alguma coisa em mim, tens tanta luz". E eu devolvo sempre isto. Ela tem que existir em ti para que tu consigas reconhecer em mim. Nós só conseguimos reconhecer no outro o que existe em nós. E isto é muito belo. O tema do julgamento, nós vamos falar sobre o tema do julgamento no próximo episódio. Ele merece um episódio inteiro.

 

Elsa: Ok, não sabia porque eu nunca sei o que vai acontecer.

 

Carolina: Ele merece um tema inteiro para falarmos sobre isto. Hoje estamos mesmo neste lugar da amorosidade, não é? Porque o que eu sinto é que se nós tivermos esta tomada de consciência que é o que os outros veem de nós, diz deles e não de nós, põe logo num lugar mais confortável. Eu sinto isso, não é? Porque eu de facto não consigo controlar quais são as histórias de vida do outro, que feridas é que tem, o que é que passou e porquê é que está a fazer ter aquele juízo de valor. Então, o que é que eu consigo controlar? Aquilo que eu penso, o que eu sinto. E o que vamos fazer hoje, na nossa sessão, é trabalhar este lugar, que é... Porque é que quando eu olho para o espelho eu me critico, não é? Porque se tu adoraste os dois primeiros episódios do podcast que ouviste em voz, eu gostava mesmo que tu mantivesse esse entusiasmo ao ver a imagem E também, aliás, para quem nos está a ver no Spotify vai ter a possibilidade também ver o vídeo, não só o áudio, mas também ver o vídeo do nosso podcast que é um, neste momento, em 2023, uma novidade do Spotify e nós vamos aderir a esta novidade é, saiu agora este ano, não sei quando é que as pessoas estão a ouvir este podcast mas é possível ativar o vídeo aqui no Spotify, para quem está a ouvir no Spotify, se estiver no YouTube conseguem sempre ver o vídeo, mas dizer que quando nós vimos para este lugar em que é sobre a nossa amorosidade connosco próprios, é este o lugar que eu gostava de trabalhar hoje. Porque, quando tu estiveste a transmitir tudo o que transmitiste naqueles dois primeiros episódios, estiveste a transmitir para mim, eu estava a te ver. Eu não estive em momento algum a olhar para a Elsa em jeito de "deixa me ver se ela tem a cabeça assim como tu referiste, ou o cabelo assado como também referiste, não é? O que me interessa, o que é verdadeiramente importante para mim é o conteúdo, é a mensagem, são as emoções que tu tens para me transmitir. É isso que me faz ficar agarrada a ti. Quando, se pessoas estiverem a ver este vídeo, connosco aqui, as pessoas não estão a olhar para a minha imagem física ou para a tua imagem física, estão a ouvir, para quem está só a ouvir, se está mesmo só a ouvir, mas quem também estiver a ver, o que gosta de ver a nossa linguagem corporal, porque sim, o nosso corpo fala muito, é verdade, mas o mais importante é a mensagem que nós estamos a passar, seja corporalmente, seja verbalmente. Então não estão, e quem eventualmente estiver em crítica, são temas destas pessoas. Mas eu e tu acreditamos que temos uma mensagem a passar ao mundo e fizemos este podcast por esta crença de "bora lá ser autênticos, vamos lá resgatar este lugar", o convite é para não permitirmos que uma coisa que é só para mim é assim um cliquezinho, que é a questão da nossa imagem, nos impeça de fazer isso. Então, o convite é olhares para ti como mesmo fisicamente, para as tuas mãos, para o teu corpo, para os teus braços. Quando olhas ao espelho, para o teu rosto, com amor. Como todo o amor que te rodeia, as pessoas que estão à tua volta, os teus filhos, o teu marido, os teus amigos. Nós olhamos para ti, e eu incluo-me nesse grupo de pessoas, nós olhamos para ti com essa amorosidade. E eu acredito mesmo que se nós vibrarmos nesta energia de "o que interessa é a mensagem que eu quero passar" de onde vem, se vier deste lugar de "eu sinto-me amada”, portanto eu tenho a confiança para transmitir a mensagem que eu quero transmitir e não deixar que o meu pensamento seja desviado por estas questões que não são minhas sequer eu consigo fazer aquilo que para mim é o mais importante, que é, para mim, a luz. Mais importante no vídeo, como sabes, a luz é a base da fotografia e do vídeo, não é? Mas para mim a luz mais importante no vídeo é aquela que emana de cada pessoa. Porque aí a luz vem mesmo dentro. É uma coisa que se vê e que se sente. E não tem que ser, não tem que ser, cheio de glitters e pózinhos de "pim, pim, pim" a beleza está, para mim, nessa naturalidade, nessa espontaneidade, nessa descontração e nesse saber que o que quer que tu digas ou com o que quer que eu diga ou o que quer que eu diga é verdadeiro o quão quer que tu pareças foi como falámos na primeira ação, esta é a tua verdade hoje.

 

Elsa: Sim, sim.

 

Carolina: E está tudo bem.
 
Elsa: Mas é curioso, há aqui pequenas nuances que é isso eu sinto. Eu sinto, eu sinto que tenho brilho, sabe? Isso eu sinto e gosto muito de conversar com pessoas e de poder fazer processos com elas ou só de amizade E isso eu sinto. É quando aparece... Quando eu sinto eu ser avaliada. Aí a coisa complica-se. Mas sim, eu estive a ouvir muito atentamente e sinto que há conexões em mim que se ligaram e que fizeram sentido. Essa imagem de... Eu estou rodeada e abraçada pelas pessoas que realmente me importam e que realmente são importantes. E que são importantes para mim. Quem quiser entrar no meu mundo e quer me aceitar como eu sou é muito bem-vindo. Quem não quiser também não quer saber. E, portanto, estou nesse lugar. Estou a começar a entrar nesse lugar.

 

Carolina: A questão é exatamente essa, nós nos sentimos num lugar, num sítio seguro. E qual é a emoção que nos faz sentir mais seguros? O amor. Quando nós voltámos, quando eu comecei a fazer vídeos, e de fazer vídeos, eu não falo da teoria, este podcast existe hoje porque houve um dia, há cinco anos atrás, que eu resolvi passar detrás da câmara enquanto videógrafa, para frente da câmara, para começar a fazer eu vídeos para um grupo de Facebook que tinha e ainda tenho, na altura, que é como fazer vídeos passo a passo para ensinar as pessoas a fazer vídeos com o telemóvel e foi quando eu tive que ir para a frente da câmara que eu percebi, ai meu Deus. A primeira vez que eu gravei o primeiro vídeo, eu começava a dizer "Olá, eu sou a Carolina" Eu depois editei o vídeo, eu retive 20 vezes a dizer "Olá, eu sou a Carolina" "Olá, eu sou a Carolina" "Olá, eu sou a Carolina" "Olá, eu sou a Carolina" "Olá, eu sou a Carolina" Então achava sempre que o tom de voz não estava bom, que o cabelo não estava bem, que a cabeça estava assim. Então foi mesmo um parto. Não, vivi mesmo, vivi mesmo um parto. Não só a filmagem foi muito difícil, eu pus lá a câmara e pus sozinha, ninguém me estava a filmar, mas eu tinha a câmara à minha frente e depois fui editar aquele vídeo e aquilo foi mesmo muito difícil. E esse vídeo foi o primeiro vídeo que eu fiz para explicar nesse grupo de Facebook as regras do grupo, qual era o objetivo do grupo, explicar qual era a intenção. E eu tenho-o marcado no topo do grupo de Facebook, até hoje, qualquer pessoa que entre nesse grupo de Facebook vai ver o primeiro vídeo que eu fiz e é um vídeo em que eu não tenho rigorosamente nada a ver com a pessoa que eu sou hoje em frente às câmaras. Mas eu tenho um orgulho imenso daquela mulher que eu sou ali e mostra aquilo com muito orgulho porque eu sei o caminho que eu fiz de resgate dessa minha autenticidade e não foi só em frente à câmara, foi comigo. Porque eu dei muitas vezes, quando eu comecei esse processo de fazer vídeos para divulgar, porque a questão não é só fazer os vídeos e guardá-los num telemóvel, é pôr los nas redes sociais, as minhas redes sociais são públicas, eu não sei onde é que os meus vídeos chegam, não é quem é que chegam, a dificuldade era esta, mas aí foi persistente e eu acredito mesmo que nós temos mesmo que ser persistentes e que não é... O teu compromisso com este processo que nós estamos a viver aqui tem a ver com o facto que tu sabes que estes vídeos vão ser publicados, não é? Portanto, isto aumenta aqui o nosso nível de compromisso, mas também de persistência, porque a cada sessão que vimos, a cada episódio e o podcast que tu vens, és tu a assumir esse compromisso contigo novamente a dizer "não, eu quero fazer esse caminho". Então, quando eu comecei a fazer esse caminho, eu vou te dizer, eu demorei mais ou menos um ano até chegar ao lugar em que estou hoje. E o lugar em que eu estou hoje é eu falo para uma câmara como falo contigo, com a mesma naturalidade, a mesma descontração, porque percebi o quanto... Primeiro ganhei um amor imenso pela câmara, não só enquanto minha ferramenta de trabalho, mas também profissional, como foi a minha ferramenta de trabalho pessoal. Sabes que eu dei muitas vezes por mim em casa com os meus filhos, a acrodar de manhã com o cabelo assim, não sabes, todo... E os meus filhos virem me abraçar e dizer "bom dia, mãe", assim, todos queridos, e eu penso "ah, pois, claro, é indiferente como é que eu sou, como é que eu falo, como é que eu estou, isto é o amor, e é isto que me importa, e é este que importa". E se eu quiser fazer um vídeo assim, eu vou fazer um vídeo acabada de sair da cama. Claro, quer dizer, há quem faça, eu não faço um vídeo acabado de sair da cama porque não me faz sentido, mas se eu quiser fazer um vídeo acabado de sair da cama aquilo vai vibrar positivamente em quem tem que vibrar positivamente. Em quem não vibrar positivamente é o processo dessa pessoa. Mas eu não posso deixar de ter este amor por mim própria, nem expressar ou expandir esse amor por mim própria, condicionada pela opinião de pessoas que estão fora deste meu círculo.

 

Elsa: Sagrado quase, não é?

 

Carolina: Sagrado. De afetos. Sim. Que é mesmo este lugar de nutrição. Sim, isso.

 

Elsa: É uma perspetiva super interessante. Sem dúvida.

 

Carolina: Então a partir daí, quando eu comecei a olhar para o espelho e quando comecei a fazer os meus vídeos, eu descobri imensos defeitos em mim físicos. Coisas que eu nem percebia, porque normalmente eu não falo olhar para o espelho, não é? E quando eu estou a falar "olhar para o vídeo, percebi uma coisa que é, eu faço imensas caretas a falar". Estou sempre assim, faço imensas caretas. E ao início eu odiava aquelas caretas todas, pensava "Carolina, porquê é que tu não tens, porquê é que tu não estás quietinha, um bocadinho mais quietinha". Eu depois dei por mim a pensar "mas espera, há 40 anos que é assim, há 40 anos que as pessoas com quem eu interajo me veem a falar assim e nunca ninguém se queixou. Portanto, é o que é.” Então comecei devagarinho, cada característica que eu tinha, a amar essa característica. Eu tenho uma... Há uma história que eu conto sempre nos cursos que eu dou e há pessoas que já fizeram vários cursos comigo e gostam, ainda recentemente aconteceu de "vais contar a história das tuas narinas" pronto eu vou contar a história das minhas narinas.

 

Elsa: Eu conheço e gosto muito.

 

Carolina: Tu conheces a história das minhas narinas. Então, e vai haver um momento para quem está a ver o vídeo, antes e depois desta história que eu vou contar, eu sei e eu sei ao que vou, ainda assim não me é fácil, continua a não ser fácil, mas eu faço intencionalmente para demonstrar aquilo que eu digo e para te mostrar a ti também o quanto eu percebo aquilo que tu sentes e pelo que tu passas, que é eu a fazer vídeos percebi que quando eu falo eu tenho uma narina que abre mais do que a outra.

 

Elsa: Eu vou tentar não rir.

 

Carolina: Não, agora vais olhar sempre para as minhas narinas tu e todas as pessoas que estiverem a ver os vídeos. Olha, faz parte. Já me explicaram que isto tem a ver com o desvio do septo nasal e que entra mais ar pela uma narina do que a outra? Bom, já tive várias explicações para dizer o quê? Que eu diria que 90% das pessoas que estão a ver o vídeo neste momento vão pensar "ah, eu nunca tinha reparado nisto, deste tema das tuas narinas". Os 10% das pessoas que repararam nas minhas narinas antes são aquelas que também têm questões com a sua narina. É sempre o efeito espelho da pessoa. Porquê é que eu estou a contar isto? Eu tive que aceitar, se eu gosto de ter uma narina que abre mais quando eu falo do que a outra? Eu não gosto. Mas olha, sabes que mais? É que eu sou, e eu tenho um corpo maravilhoso e eu só posso celebrar e eu não vou deixar de me cumprir a mim ou à minha missão pelo facto de eu ter uma narina maior do que a outra. Sabes, então é mesmo um exercício diário de olhar para o espelho. Eu deixei de olhar para o espelho apenas como, pronto, estou a me arranjar, estou a lavar os dentes, estou a pentear, está feito, vamos embora. Às vezes paro e olho-me nos olhos, ao espelho. Olho mesmo e sinto-me. E quando faço sempre que faço vídeos, quando eu vejo o vídeo a seguir, eu olho mesmo deste lugar de "Uau, vou honrar esta mulher". Sabes? Temos que nos honrar.

 

Elsa: Mas isso eu também faço. Isso eu consigo fazer. Tenho muito carinho pela mulher que eu sou. Isso sim. Mas depois vou a algum lugar "Ai, aquela rugazinha ali". E depois o que faço é "Pá, deixa isso". E vou à minha vida. E vou fazer aqui outro trabalho. Mas eu gosto da mulher que eu sou e de onde cheguei. E às vezes falo comigo mesmo. "Olha onde nós chegamos. Olha o que..." Sabes? Esse bocadinho eu faço. Não tinha feito esta linha toda, esta linha condutora que tu estás aqui e obrigada por partilhares essa história. E por... Acho que é muito importante este lugar de "eu também estive aí, eu sei". Quando nós estamos a ajudar alguém em qualquer processo, este "eu sei". Eu estive aí. Eu sei. É bonito isso, é bom. Fazemos parte da mesma história. Isso liga as pessoas.

 

Carolina: E o tema da rugazinha, eu também tenho e continuo a ter e acho que vou ter sempre alguma coisa, ainda assim nós vamos envelhecendo, e há sempre alguma coisa que nós vamos reparando. Agora, a diferença é que agora quando olho e reparo, tenho este primeiro pensamento "ai, a rugazinha", mas a seguir vem o pensamento de Carolina és tão bonita. És tão bonita. Eu não estou a falar de beleza física mas também sou, mas também sou. Mas estou a falar mesmo da beleza interna, porque eu até podia ser uma top model. Se eu estiver deprimida, fisicamente, a minha beleza vai.

 

Elsa: Pois vai.

 

Carolina: Portanto, a questão não é... Eu acredito mesmo que a questão principal é a mesma que vem de dentro. Vem daquilo que tu acreditas. Então é este músculo da amorosidade que eu estava a dizer, do amor por nós próprios. Bora lá! Cada vez que eu olhar ao espelho e vir assim uma ruga e tiver vontade de criticar a ruga, vou ativar este músculo e dizer "não, Carolina". Não é dizer "Eu amo a ruga" porque eu não amo a ruga. Isso não seria verdade, não é? Para mim não seria verdade. Se calhar há pessoas para quem é. Para mim não seria. Mas é dizer "Eu amo tudo o que faz parte de mim". Isto faz parte de mim, eu amo-me. Eu não vou deixar, eu não vou permitir que uma parte me impeça e prejudique este amor próprio. Porque ele vem, ele vai vir sempre, ele vai continuar a vir. Eu acredito, vem cada vez menos. Eu devo dizer que neste momento eu já não reparo no tema das narinas. Ao início eu reparava muito, nos meus vídeos agora já não reparo. Agora provavelmente este vídeo, quando for ver este vídeo, vou reparar porque estou a falar sobre este tema, mas já me passou e depois vão vindo outros. E quando eles vêm, eu observo. Já não é aquela coisa de "ai, a criatura é uma coisa que eu não sei fazer, e a crítica a isto faz me fechar. Não, não vou pôr este vídeo porque...

 

Elsa: Sim, sim, mas eu acho que é essa a questão, não é? Muitas vezes as pessoas não põem coisas no mundo porque acham que não estão bem.

 

Carolina: Isso mesmo. Eu tenho uma boa notícia para dar a essas pessoas que é O que quem está a ver os nossos vídeos importa não é se nós estamos a parecer bem ou se nós não estamos a parecer bem, é a mensagem que nós temos para passar. E se essa mensagem vier de um lugar de autoconfiança, autoamor, autoestima, autoconsciência, isso vai se exteriorizar na forma como o nosso corpo se manifesta, na nossa energia, que é o que eu falava há bocadinho, vai emanar dentro de ti. Isto vai vir mesmo. Ao passo que se eu estiver a tentar fazer um vídeo perfeitinho, muito bonitinho, em que eu estou impecável, tudo direitinho, mas depois estou, enfim, com medo da crítica, ou estou a pensar "será que o meu cabelo ficou bem, será que..." de repente a minha mensagem já foi.
 
Elsa: Eu percebo isso. E o inverso também acontece, não é? Há pessoas que são extremamente bonitas e que são muito certinhas, mas aquilo não é energia, não é? A mensagem não passa, não tenho interesse nenhum em seguir pessoas que são só bonitas. E, portanto, sim, obrigada por este momento.

 

Carolina: Então, o convite agora é trabalharmos mesmo ativamente um bocadinho nisto.

 

Elsa: Pá, tu estás sempre com surpresas. O que é que não vais pôr um espelho aqui à frente agora?

 

Carolina: Por acaso esqueci de pedir para trazeres os óculos. Trouxeste os teus óculos? Então podes ir piscar os teus óculos, por favor.

 

Carolina: Pronto, então já tens os teus óculos. Sim. Então o que é que eu te vou pedir? Eu tenho aqui o meu telefone. Vou te pedir que pegues no meu telefone.

 

Elsa: Ok. Ai, meu Deus.

 

Carolina: Não olhes de lado. Não, não. Olha para ti. Ok. Mas olha para ti mesmo. Eu sei que é difícil.

 

Elsa: É, e depois o cabelo está aqui um bocado despenteado.

 

Carolina: Boa. O que é que tu vês? Eu posso dizer o que é que eu vejo primeiro?

 

Elsa: Podes? Então diz.

 

Carolina: Eu vejo uma mulher sábia, com imenso para acrescentar ao mundo, com quem eu sei que eu vou aprender muito e que eu sei que vai ajudar muitas pessoas. É isso que eu vejo quando olho para ti. Agora peço-te que olhes para a câmara e digas o que é que vês?

 

Elsa: Eu não consigo ver isso quando olho para a câmara. Porque eu só estou aqui a reparar aqui nos cabelos brancos.

 

Carolina: Então vamos agora trabalhar este músculo da amorosidade, quando eu vejo o cabelo branco. Vamos lá, ok.

 

Elsa: Eu também acho que esta luz não está boa. Eu quero acreditar. Pronto, a luz também não está grande coisa, não é? Pronto. Não sei o que te diga.

 

Carolina: Então vamos fazer uma experiência. Tens 70 anos e estás a ver o vídeo da Elsa com 50.

 

Elsa: Não consigo fazer isso. Eu sou uma pessoa que dá trabalho. Eu dou trabalho. Que bom. Continuo a achar que estou muito despenteada.

 

Carolina: Já te penteaste?

 

Elsa: Não, não. Aqui qualquer coisa é que não está bem.

 

Carolina: Então, enquanto a Elsa se encontra neste lugar...

 

Elsa: Pode levar muito tempo.

 

Carolina: Não, se calhar vai ser engraçado até depois, vermos este vídeo, que é o sítio onde está o teu cabelo neste momento, onde ele estava antes de começares a fazer esse exercício. Está igual. Está rigorosamente igual.

 

Elsa: Eu sei, eu sei.

 

Carolina: E que está ótimo.

 

Elsa: É que está aqui preso.

 

Carolina: Então vá.

 

Elsa: Ai meu Deus. Também não gosto de me ver de óculos, não é?

 

Carolina: Então vamos agora fazer aqui um exercício e voltando à bruxa má que não é bruxa má porque não temos que ser bruxas más para nos olharmos ao espelho e não é para nos compararmos, é para nos celebrarmos. E então o convite é para re-significarmos isso e passarmos a dizer "Espelho meu, espelho meu, quem no mundo tem um brilho igual ao meu?"
 
Elsa: É para dizer? É preciso dizer?

 

Carolina: Podes só sentir isso. Quem é que no mundo, nos 8 mil milhões de pessoas...

 

Elsa: Só eu. Brilho igual ao meu, sou eu. Agora já estou a gostar um bocadinho mais. Mas tem mais a ver com a luz.

 

Carolina: Só tu tens esse brilho. Só tu. E esse brilho é feito não só da tua imagem física, eu peço que continues a olhar ali para o vídeo enquanto me ouves. Você é que me estás a prestar atenção. Não é só essa tua imagem física como é tudo aquilo que faz parte de ti e que passa por aí. Quando eu te disse "Espelho meu, espelho meu, quem no mundo tem um brilho igual ao meu?" o teu rosto transformou se.

 

Elsa: Ah, tão lindo.

 

Carolina: Porque tu sabes que não há mais ninguém que tenha um brilho como esse.
 
Elsa: Isso não há mesmo, não é?

 

Carolina: Então o convite, querida, a partir de agora é tu, desde esta nossa sessão até a próxima sessão, todos as dias, ou com o teu telemóvel ou com o espelho em casa, fazeres este exercício.

 

Elsa: O meu nariz é grande. Estou a ver agora.

 

Carolina: Como deves imaginar, eu não vou explorar a fisionomia do teu corpo, porque para mim tu és perfeita. Não vou mesmo fazer esse caminho contigo.

 

Elsa: Ok, meu amor.

 

Carolina: Então o convite para ti e para quem está a ver este vídeo é que eu quero que quem nos está a ouvir é quando nos olharmos ao espelho a partir de agora e a ti vou te pedir intencionalmente na próxima semana até à próxima gravação que todos os dias faças isto, pensares mesmo espelho meu, espelho meu quem no mundo tem um brilho igual ao meu?  Não há mais ninguém que tenha este brilho. E eu sei, porque passei por isto e já acompanhei muitas pessoas a fazer isto, que se trabalharmos este músculo da amorosidade, e isto para mim é trabalhar o músculo da amorosidade, olharmos deste lugar, não há mesmo ninguém como tu. E isto é muito bonito. E devemos honrar este lugar também. Nós viemos ocupar... Tu falaste numa das nossas ações que sentiste expandida, sentiste maior, ocupavas mais espaço. Então isto também vai permitir que tu faças esta expansão e que ocupes mais espaço.
 
Elsa: Tenho a certeza que isto vai ser muito importante para mim.

 

Carolina: Então deste lugar de "eu tenho este brilho e eu posso mostrar este brilho ao mundo, pode ser tanto publicar um vídeo nas redes sociais como pode ser fazer um vídeo para mandares num grupo do WhatsApp ou pode, sabes, ou pode ser falar com uma plateia com mil pessoas ou falar num workshop com 15. Isso não é importante. Eu acredito que quando tu fazes este caminho, porque isto aconteceu mesmo a mim, quando trabalhas este músculo, e é um músculo que tens de estar sempre a trabalhar, como todos os músculos, é uma tomada de consciência diária de quando eu olho, de vez em quando vem a crítica e digo "não, Carolina, és linda e está tudo certo contigo". Isto não é mesmo o mais importante. O mais importante é que eu esteja nutrida interiormente para que isto se exteriorize. E quando eu fizer esta passagem, eu sinto mesmo que há assim um clique que se dá, um momento em que há um clique que se dá. Tu nessa altura fazes, tanto fazes um vídeo para as redes sociais como estás em cima de um palco e falas com mil pessoas. Porque a mim já me aconteceu. O efeito colateral que isto teve em mim, para além de, de facto, eu ter trabalhado profundamente as minhas inseguranças, os meus temas e a minha autoestima, mas profundamente, e aliás, tomei consciência de inseguranças que tinha que eu nem sabia que tinha e pude trabalhar nelas, permitiu-me fazer os vídeos para as redes sociais e o meu projeto depende muito dos vídeos, portanto eu precisava mesmo para o meu negócio. Mas depois também me permitiu e eu já faço muitos workshops, não sei quantas palestras pelo mundo inteiro, não pelo mundo inteiro, mas já fui até fora, já fui a Moçambique, já fui a Irlanda e hoje já faço isso, já faço em português, já faço em inglês, com este à vontade, porque venho deste lugar. Quando eu for para cima do palco o mais importante para mim é Eu fico nervosa, na mesma? Claro que fico, porque tenho que garantir que passe a mensagem que quero passar, que está estruturado o discurso, mas eu já não estou. O que é que as pessoas vão pensar? Será que a camisola está bem arrumada? Sabes? E, portanto, há um conjunto de…
 
Elsa: Variáveis que saíram, não é?

 

Carolina: Completamente! Que deixaram de ocupar o meu espaço mental. Não me retira totalmente os nervos, porque não retira totalmente os nervos, mas já não ocupam. Então, quando não ocupam, deixam espaço.

 

Elsa: Para que tu possas brilhar mais.

 

Carolina: Para que tu possas brilhar mais.

 

Elsa: Que lindo! Adoro-te!

 

Carolina: E eu a ti, querida. Portanto vamos lá trabalhar esse músculo da amorosidade?

 

Elsa: Vamos sim.

 

Carolina: Que lindo. Então, queria só aqui para terminarmos a nossa ação dizer a quem nos está a ouvir que este vídeo TED Talk que tu falaste da Brené Brown eu vou colocar aqui nos links associados a este episódio no site smilestories.pt/podcast. Em cada episódio tem os links de tudo o que nós falámos. Eu esqueci-me de dizer isto nos episódios anteriores mas todos os livros que falarmos, este tipo de vídeos este da Brené Brown nós vamos pôr sempre nos links associados para quem quiser consultar. E o que vou pedir agora é que faças este exercício todos os dias. Vais olhar ao espelho e vais pensar o quê?

 

Elsa: Espelho meu, espelho meu, há mais alguém no mundo que brilhe, que tenha o mesmo brilho que eu, é isso?

 

Carolina: Maravilhosa, é essa a ideia, querida. E para a semana vamos falar sobre o tema do julgamento, mas já deste lugar de amorosidade. Vamos começar por partilhar no início da sessão como é que foi este exercício que voltamos a gravar daqui a uma semana e depois vamos explorar o tema do julgamento que é de facto um tema muito importante e que merece mesmo um episódio inteiro só para ele.

 

Elsa: Sim, obrigada por tudo e por hoje.

 

Carolina: Querida, obrigada a ti e obrigada a vocês que nos estão a ouvir e espero que este episódio vos tenha ajudado também a resgatar um bocadinho mais da vossa autenticidade para que nós possamos todos juntos brilhar sem filtros.

 

Elsa: Hoje vou chorar? Hoje não veio a gargalhada estrondosa.
 
Carolina: Hoje está-me a dar vontade de chorar.

 

Elsa: Porquê?
 
Carolina: Não sei, mas estou feliz, estou super emocionada.
 
Elsa: Hoje foi um episódio diferente, hoje fizeste um trabalho comigo.
 
Carolina: Pronto, vou chorar.
 
Elsa: Minha linda, amo-te tanto.

 

Carolina: Preciso de um abraço.
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