top of page
Podcast Brilha sem filtros, Carolina Smile Stories, Video Training, Smile Stories

Ep. 1 | Quando a vida não tem brilho

Neste primeiro episódio vamos revelar a experiência imersiva que irá acontecer ao longo da primeira temporada do Brilha sem filtros, o podcast para quem quer resgatar a sua autenticidade.

Links referidos neste episódio:

FAZER VÍDEOS COM TELEMÓVEL

para as redes sociais

Livro fazer vídeos com telemóvel para as redes sociais, Carolina Monteverde, Smile Stories

Podes ver este episódio aqui...

Se gostaste deste episódio, também te pode interessar:

Conhece a Comunidade

Smile Stories

Smile-103.jpg

Recebe as minhas Cartas de Amor

Gostas deste podcast?

Por favor, deixa-nos a tua avaliação aqui:

Apple-PodCasts-black.png

Transcrição:

Carolina:  O que é para ti a palavra autenticidade e o que significa para ti fazer o resgate dessa autenticidade.

Elsa: Para mim, a autenticidade é uma coisa que está de mão dada com ser genuína.

Carolina: Bem vindos ao Brilha sem filtros, o podcast para quem acredita que o mundo será um sítio melhor se resgatarmos nossa autenticidade e fizermos o caminho de regresso à nossa essência, ao nosso brilho, sem filtros. Eu sou a Carolina, sou a voz pela autenticidade. E acredito que se estás a ouvir este podcast é porque também fazes parte da comunidade pessoas que também quer transformar o mundo num sítio melhor.

E por falar em comunidade, e como acredito que não fazemos nada sozinhos, convidei para se juntar a mim nesta aventura, a minha querida amiga Elsa, querida, bem-vinda, bem-vinda, bem-vinda!

Elsa: Obrigada, meu amor. É uma honra estar contigo neste caminho, uma honra mesmo. Obrigada pelo convite.

Carolina: Obrigada, querida, então vocês não sabem, mas a Elsa e eu somos muito amigas, profundamente amigas!

Elsa: Muitíssimo!

Carolina: E eu, quando recebi, enfim, o chamamento para fazer este podcast e espalhar esta mensagem. Um dia estamos a caminhar à Beira Mar e eu olhei para ti e pensei: É ela, é ela que vai fazer comigo este caminho. Então, o que vai ser este caminho? Só para vos explicar. Ao longo da primeira temporada deste podcast, a Elsa vai estar comigo em todos os episódios porque vamos fazer o caminho de resgate do brilho dela, em frente à câmara.

Eu sou videógrafa e acredito que o vídeo é uma ferramenta de eleição para nos ajudar a fazer o resgate a nossa autenticidade, tanto porque é um espelho das nossas questões, das nossas inseguranças, dos nossos bloqueios, como é a ferramenta que nos permite mostrarmos a nós próprios e ao mundo quem somos e, uma vez, a conversarmos juntas, lembro-me de teres dito: Eu não percebo porque é que tenho este tema com a câmara e um dia vais ter de me ajudar e eu pensei naquele dia que estávamos a caminhar: Pronto, é a Elsa que vai fazer esta jornada comigo e portanto, obrigada por confiares em mim, querida para isto.

Elsa: Bem, isto para mim é um grande, um grande desafio, mesmo. Só de saber que está aqui uma câmara é como se já não fosse eu, fico tímida. Fico mesmo tímida.

Carolina: Isso é espetacular. Obrigada por partilhares isso. Não, começamos lindamente, porque eu preciso de explicar às pessoas que nos estão a ouvir que este podcast também está a ser filmado. Quem está a ver no YouTube ou nas redes sociais, já percebeu isso, mas quem está só a ouvir ainda não percebeu. É que a Elsa que, coitada, começou por me dizer que tinha dificuldades em estar em frente à câmara de repente tem aqui três câmaras connosco que são as duas câmaras do popcast e também temos aqui o Ivo da Smile Stories a fazer o behind the scenes e, portanto, de repente temos aqui três câmaras. Então o que eu te vou pedir é para hoje tentares ignorar tudo o que se está passar à nossa volta, nós não vamos trabalhar o tema das câmaras hoje, está bem? Portanto, estamos aqui as duas a conversar. Sei que é difícil com toda esta parafernália, mas nós estamos super bem acompanhadas, tanto pela equipa da transmissão cápsula, quem, aliás, eu agradeço, imenso todo o suporto, temos aqui o nosso querido Martim e o Hugo também aqui connosco, a darmos todo o suporte neste processo e o Ivo, que faz parte da Smile Stories, portanto, é, assim uma extensão de mim. Portanto, estás em casa querida, sente-te perfeitamente à vontade. Vamos ignorar isso que se está a passar à nossa volta. Vamos falar sobre nós.

Elsa: Vamos lá.

Carolina: O título deste episódio é “Quando a vida deixa de ter brilho”. Eu gostava de começar por aqui. Gostava que estava que patinhasses um bocadinho connosco a tua história, até porque dei por mim a pensar que nós conversámos muito as duas sobre os temas que estão a acontecer na nossa vida, mas eu não sei muito a sua história. Não sei mesmo muito a tua história, então gostava que partilhasses a tua história por um lado, mas também deste lugar de quando é que tu sentes que vida foi deixando ter brilho?

Elsa: Então, eu sou daquelas pessoas que desde de que me recordo que eu sinto que eu sentia sempre… Sabes… Vem-me sempre à cabeça, uma imagem, quase desenho animado. como se eu tivesse uma nuvem sempre em cima da minha cabeça. Por onde quer que eu movimentasse, essa nuvem acompanhava-me sempre. Esta é a imagem que eu tenho mim desde muito nova, uma certa tristeza e melancolia acompanhava-me. Portanto, na verdade, eu sinto… Isto é assim, é para  dizer toda a verdade, não é? Portanto, na verdade eu sinto que durante muitos e muitos anos da minha vida não havia grande brilho. Se por um lado, não havia esse brilho interno, havia uma maior tendência para o disfarçar, para tentar brilhar à força.

Carolina: Uau… O que tu acabaste de dizer… Desculpa, vou ter de parar aqui. O que tu acabaste de dizer é muito poderoso. Que havia uma tendência para tentar disfarçar o brilho e o mostrar à força. Podes só aqui desenvolver um bocadinho o que é que esse disfarçar o brilho? Eu identifico-me com o disfarçar o brilho e já podemos falar sobre isso e o mostrar à força. Podes, só assim, aprofundar um bocadinho.

Elsa: É porque há sempre aquela tendência de sentirmos que estamos errados que não é normal a melancolia ser uma parceira diária, que a tristeza nos acompanha e, portanto, e a tendência para sair, daí eu acho que é uma tendência muito, muito normal e humana, não é melhor, mas em vez de olhar para isso, e tentar perceber de onde é que isso vem e resolver, estamos a falar do início da minha adolescência, era fugir disso e, portanto, eu e a minha fuga foi uma fuga para a ação. Portanto, eu fazia muita coisa, sempre fez muita coisa e sempre achei que aguentava muita coisa. E esta tendência de se eu estou errado ou se alguma coisa de errado está comigo, tenho de provar aos outros que não, que está tudo bem, então. Foi muito do fazer sempre mais e melhor e ser sempre filha perfeita, a amiga perfeita. Isso levou-me a um desgaste muito grande. Acredito que mais à frente falaremos.

Carolina: Sabes que é muito engraçado falares sobre isso, porque nós nunca tivemos, foi partilhado isto. Nós somos as duas mulheres altas, fisicamente somos altas e eu quando era adolescente, a minha altura era uma coisa que me incomodava e na altura brincava com isto a dizer que os miúdos mais giros da escola eram mais baixos do que eu. E que eram efetivamente, mas de facto, o que esta afirmação continha era muito mais do que isso, que era, no meu caso, era um bocadinho o contrário de ti, que era para ser a menina bem comportada que tu falas também, eu também me encaixava. Eu era a que tinha boas notas, nunca dei chatices aos meus pais, eu fiz os meus disparates que tinha de fazer, mas tudo sempre dentro de um registo relativamente controlado, pelo menos o que os meus pais puderam saber era. Mas a minha altura foi sempre algo que me incomodava, porque eu era muito vista. Ainda hoje eu ando na rua, como eu sou alta, as pessoas vê-me. Então na altura eu ser vista daquela forma era uma coisa que me deixava desconfortável. Então eu tive sempre tendência para encolher um bocado. Para andar sempre um bocadinho com os ombros assim. O meu pai estava-me sempre dizer: Endireita as costas! E aquilo para mim era, eu endireitava, como se fosse assim alguém, um general a gritar no exército.

Elsa: Um puxão.

Carolina: Exato, mas não é natural. O meu natural era encolher-me um bocadinho. Então identifico-me muito com isso que estás a dizer, mas é o contrário do teu processo. Era eu não queria ser vista, então eu escondia-me encolhendo-me fisicamente.

Elsa: Eu não sei se queria ser vista, porque esse é um dos medos que eu me venho apercebendo. Eu não queria ser visto, eu só queria enquadrar-me, sabes? E como tinha essa tristeza e era mesmo uma nuvem era mesmo uma nuvem na minha cabeça, a minha fuga era fazer coisas, fazer coisas, fazer coisas. Tornei-me competitiva. Tinha de ser a melhor em tudo, mas o brilho não aparecia. No entanto, era como se eu à medida que caminhava, ia carregando mais tarefas, mais responsabilidade, mais obrigações, mais, mais, mais e estava, começa a ficar muito, muito cansada, portanto, e comecei a perceber que aquela que aquela estratégia está-me a levar a um sítio bem pior.

Carolina: E isso foi o que fase da tua vida, já depois da adolescência? Já quando começaste a trabalhar?

Elsa: Sim. Depois chega aquela fase em que nós supostamente conquistamos o que é, o que é normal nas nossas idades, o esperado. Os filhos, a casa, o carro, as viagens, as empresas, faturações incríveis e a melancolia continuava lá e tristeza continuava lá e, portanto, percebi que não era por ali e achei que não havia outra solução. Se não aceitar esta minha, esta minha tristeza está minha melancolia.

Carolina: E tu acreditas? E isto é uma pergunta, que a tua melancolia faz parte do teu brilho?

Elsa: Se eu acredito que a minha melancolia... Sim, sim, eu acredito cada vez mais porque está minha melancolia vem de um lugar extremamente sensível, intuitivo, quase romântico.

Carolina: Que lindo!

Elsa: Então, e é nestes momentos mais melancólicos e de grande sensibilidade que se dão comigo explosões de criatividade e de amor infindável.

Carolina: E como é que é para ti, nesses momentos de explosão, como tu lhe chamaste e bem, mostrar-te ao mundo?

Elsa: Esse não é um sítio fácil. Não é um caminho fácil. Sempre que o meu trabalho ou alguma coisa minha, sempre eu tenho que expor isso, o brilho vai-se. Eu fico, é como se tivesse acorrentada. Não consigo.

Carolina: Que bom! Então vamos fazer um caminho incrível! Vai ser espetacular. Sabes porquê? Porque a Elsa que eu conheço, é esta Elsa mais recente, a quem eu veja e reconheço esse brilho acorrentado. Então é uma honra poder acompanhar-te e suportar-te neste processo. E eu sei que no final esta primeira temporada do nosso podcast, tu vais mostrar o teu brilho ao mundo sem medos. Btw, tu já reparaste… Desculpa para quem está a ver o podcast gravado e não está a ver no YouTube, ou nas redes sociais, Como é que eu vim vestida hoje?

Elsa: Tu estás cheia de glitter e de brilho!

Carolina: Eu habitualmente não sou esta pessoa. Eu não me visto assim. Eu não me maquilho. Hoje chamei a minha querida Cláudia para me vir maquilhar e fui-me pentear, e ontem fui ao cabeleireiro. Habitualmente não sou esta pessoa. Então vou te confessar também que hoje, quando estava a sair de casa, pensei: O que é que as pessoas vão dizer... Este podcast é o “Brilha Sem Filtros” e tu estás aqui toda empinocada. E depois pensei: Não! Esta é a minha verdade hoje! Que é, o meu tema é assumir a minha luz. Às vezes eu tenho medo do meu poder. Eu até vou repetir esta frase que tem até mexeu comigo. Eu, por vezes, tenho medo de mostrar o meu poder. Não do meu poder em si, mas tenho medo de mostrar o meu poder. Mas eu fiz recentemente, como tu sabes, na semana passada estive num retiro muito, muito intensivo. Aliás, o mais transformador que já tive na minha vida. Eu participei em alguns. Foi o Path of Love, em português, O caminho do amor. E é mesmo bonito que a vida me tenha trazido gravar o primeiro episódio deste podcast após essa transformação, porque eu hoje sou uma mulher que resgatou o seu feminino durante esse processo e essa transformação e vou assumir a minha luz. Eu hoje vim arranjada desta forma. Esta roupa é muito simbólica, e quem esteve comigo no retiro saberá porquê, tudo o que eu trago hoje tem um simbolismo e é uma celebração de mim. Eu hoje permito-me… E vou te dizer que tive de me encher de coragem para me permitir, celebra-me e vir desta forma, independentemente dos julgamentos que eu possa temer, portanto, é uma honra poder fazer isto contigo, porque também sei que consigo abrir-me desta maneira porque és tu esta mulher que eu vejo, reconheço e admiro que está à minha frente. Então sinto-me muito suportada por esta anciã que eu vejo em ti.

Elsa: Meu amor, obrigada! E nós estamos muito sérias porque que nós geralmente…

Carolina: Não, isto daqui a bocado já começa tudo a descambar. Não, isto era a parte formal da coisa. Portanto, pessoal, a partir de agora, preparem-se porque isto vai tornar-se mais relaxado. Pronto, já respiramos. Já respiramos?

Elsa: Já respiramos.

Carolina: Já estás melhor?

Elsa: Já estou.

Carolina: Espetacular! Fui ver a etimologia da palavra autenticidade. Sabes de onde vem a palavra autenticidade? É a natureza do que é verdadeiro, por oposição à cópia. É o que é real, verdadeiro e genuíno e legítimo. E eu pensei: Olha que bonito! Porque é exatamente o que eu sinto, que para mim é um resgate autenticidade. Para mim autenticidade é estares alinhada com a tua verdade. E então se calhar vou-te convidar também a ti a dizeres o que é que é para ti a palavra autenticidade? O que é que significa para ti fazer um resgate dessa autenticidade?

Elsa: Para mim a autenticidade é uma coisa que está de mão dada com ser genuína. E esse foi um trabalho difícil para mim chegar ao ponto: Quem sou eu? Quem sou eu realmente sem os papéis que vamos criando e vamos fazendo e a dada altura da nossa vida tomam um lugar muito forte. Quem sou eu, quem é esta, esta pessoa, este ser humano, quem sou eu? Então primeiro autenticidade é isso, é teres a consciência que quem és tu, o que é que tu queres, o que é que tu gostas e assumires isso. No matter what. Para mim isso é autenticidade.

Carolina: Eu concordo contigo, mas eu acho que também… Acho não, tenho a certeza absoluta, que é muito difícil tu saberes exatamente quem és tu, no todo

.

Elsa: Sem papéis?

Carolina: Exato.

Elsa: Quem sou eu lá no “centrozinho”, “centrozinho”? É um caminho que faz.

Carolina: Quando não sou mãe, quando não sou amiga, quando não sou filha, quando não estou a representar um papel, e quando estou sem máscaras, quem sou eu verdadeiramente. Aí, para mim, pessoalmente, esta é a grande viagem da nossa vida e é por isso que estou tão determinada nisto, de espalhar muito esta energia, de vamos lá resgatar este lugar. Isto é mesmo aquela coisa de: Somos únicos. Parece uma frase feita, mas é mesmo verdade. Este é mesmo aquele lugar que eu fisicamente, no meu coração, no meu corpo, sinto no meu coração, que só eu tenho e que só eu posso conhecer.

Elsa: Mesmo. O que eu sinto. Agora estavas a falar sobre isso… O que eu sinto é, eu consigo mesmo chegar a um lugar onde não existem papéis, onde no limite, no limite o que eu vejo que eu sou, mas tem a ver com as minhas crenças e com minha filosofia de vida, é que de facto sou um ponto de luz que vibra em amor. E no limite, no limite, é isso que eu sinto que eu sou. Nós todos somos, mas depois encarnamos, chegamos aqui, vivemos nesta dimensão e representamos papéis e não há nada de errado com isso, mas tem de haver uma linha condutora, autêntica e genuína, que nos liga a todos esses papéis.

Carolina: Eu acho que a autenticidade é a linha condutora. É o hímen que permite que tudo o resto gravite à volta, mas isso implica tu encontrares esse hímen. Eu demorei muitos anos, muitos anos da minha vida até encontrar esse hímen. Porque estive demasiados anos, bem, os anos certos, eu confio também nisso, agarrada a fazer o que as pessoas esperavam de mim. O que a sociedade esperava que eu fizesse. Eu vivi muito refém, e não foi das pessoas, eu vivi refém de mim própria, de acreditar que era isso que era suposto, que era isso que era o certo. E vou-te dizer que pessoalmente demorou tempo para mim eu encontrar este lugar de: Quem sou eu? Não é aquela pergunta filosófica de…

Elsa: Who am I?

Carolina: Exato, não é isso. É o que é que eu gosto, o que é que eu não gosto, o que é que me apetecia mesmo fazer hoje, hoje quero ir ao cinema? Quero ou não quero? Às vezes as coisas mais simples como isto. Não é? Uma amiga liga: Vamos ao cinema? Eu parar para pensar: Apetece-me ou não me apetecer? Porque eu com aquela amiga adoro estar sempre, mas se calhar não me apetece ir ao cinema. Então, às vezes são coisas tão pequeninas como estas. Ouvirmo-nos verdadeiramente.

Elsa: Que é uma coisa que eu reparo muito quando estou com as minhas pacientes, que é as pessoas não sabem distinguir de facto o que querem. Se vem de um lugar de eu quero ser julgado, ou de um lugar de querer agradar, ou de não conseguir dizer que não àquele compromisso, àquele convite… E parece uma coisa muito simples, mas saber escutar o corpo e dizer: Quero ou não quero fazer? Isto é uma batalha muito grande e leva se de facto muitos anos para se chegar a isso.

Carolina: Sabes que eu sinto que por esse motivo, a autenticidade é uma característica em vias de extinção e que é preciso muita coragem. É preciso mesmo muita coragem para ir a este lugar…

Elsa: Desculpa, ias falar…

Carolina: Diz, diz. Mas então, mas isso faz parte, nós somos assim, atropelamo-nos uma à outra. Diz.

Elsa: Eu acho que ela está a ganhar, esta ficar na moda.

Carolina: Ai, que bom!

Elsa: Eu acho que autenticidade para ficar na moda. Acho que de repente onde há muita luz, há muita sombra. Aliás, ainda hoje estava a pensar um bocadinho nisso que é, e não é uma ideia minha porque eu ouvi isto de alguém que é: Quanto mais luz houver e quanto mais aproximares essa luz do objeto, maior é sombra. Se a luz estiver mais afastada, a sombra torna-se mais pequena.

Carolina: Uau!

Elsa: Então, ao mesmo tempo que eu acho que há muito fake, e que há muito glitter disfarçado e que há muito filtro, eu também acho que há aí um borbulhar de gente efervescente que quer dizer: Não, a maternidade não é o que sempre nos disseram. Não, fazer aquele caminho normal e regular pode não ser bom, não. Eu acredito que esse é um dos meus temas, eu acredito em coisas que ainda tenho vergonha de dizer que acredito, porque tenho algum receio que as pessoas não estejam preparadas para aguentar. Então eu acho que esta começar... Eu não digo na moda, mas eu acho que há aí um conjunto de almas que estão a começar a ter muita coragem de dizer aquilo que pensam e que sentem.

Carolina: E há aqui outra questão, que para mim tem sido uma reflexão importante neste caminho que é, teres a coragem de dizeres o que sente e o que pensas, não te faz refém do que sentes e pensas hoje porque o que eu sinto e penso hoje, a minha verdade, hoje…

Elsa: Ah, essa é outra …

Carolina: Não vai ser a minha verdade daqui a um ano. Eu não tenho de ficar refém disso Não é? Não, é que agora… Ah, mas tu disseste há um ano atrás, que afinal gostavas de amarelo e agora dizes que o azul é a tua cor preferida. E?! Eu não sou a mesma pessoa que eu era há um ano. E estou-te a dizer isto porque eu vivi refém disto que é: Não, eu se emito uma opinião, aquilo é para o resto da minha vida.

Elsa: Uma doutrina.

Carolina: É uma doutrina. É isso mesmo.

Elsa: A mim, acontecia-me o inverso que é, eu sou uma pessoa muito dinâmica, criativa e volátil. Toda a vida sofri por ser assim, porque… Porque é suposto nós termos uma opinião concreta e não mudar. Não mudar dos gostos, por exemplo, profissionalmente, eu vou mudando ao longo do caminho. E sofria com isso, porque eu achava e tinha uma admiração profunda pelas pessoas que me diziam: Eu sempre soube que queria ser isto. Eu ficava encantada e dizia: Explica-me como fazes. Depois passei aquela fase do: descobrir o propósito Vida. Que era uma coisa que eu ficava: Como assim, a gente descobre o nosso propósito de vida? Que é uma coisa que se descobre. E eu fiz esses cursos, essas formações e chegava ao fim e nunca qual era o meu propósito vida. Então, hoje aprendi que até acho sexy nós mudarmos de opinião. E hoje sou isto e amanhã não sei… Eu hoje sei que sou isto e gosto disto e não faça mais pequena ideia do que vai acontecer amanhã. Acho isto até curioso. Isto desperta em mim curiosidade do que vai acontecer. O que é que vou gostar daqui a dois anos? Eu não faço a mais pequena ideia, mas eu sei que vai ser bom. Eu sei que vai ser bom.

Carolina: Isso é lindo, lindo, lindo! Adoro essa ideia de ser sexy e eu estou contigo. Também sinto esse movimento de transformação em variadíssimas áreas, em variadíssimas pessoas e como dizes, e muito bem, está mesmo na altura de nós olharmos para as nossas sombras. Eu como vim agora deste retiro do Path of Love, vais-me ouvir falar dele várias vezes ao longo das próximas semanas, pelo menos, se não meses ou anos…

Elsa: Ou anos! Hás-de estar velhinha… Lembras-te do Path of Love? Lembras-te daquele retiro?

Carolina: Aquele retiro! Pronto, vou ser essa pessoa… E eu quando fui fazer o retiro, achava: Path of Love, o amor, que coisa tão bonita, tão perlim-pim-pim, shanti, shanti, blá, blá. Eu achava que ia ver a luz e o que eu fui fazer foi ver a escuridão. Então a grande aprendizagem para mim é esta que: Tu tens mesmo de olhar para o teu lado sombra. E, btw, o teu lado sombra não é maior do que o lado sombra de mais ninguém. Todos nós temos e isto faz de nós humanos. Nós somos humanos porque nós temos raiva, porque nós temos tristeza profunda, porque nós temos imensas frustrações, porque nós odiamos determinadas coisas, porque nós temos coisas que nos revoltam profundamente, temos coisas que nos fazem apetecer gritar, bater, sabes? Isto existe em cada um de nós, isto existe mesmo, isto é real. Então é quando tu integras isto, e é assim que eu me sinto neste momento, é quanto integras isto, eu sinto-me encarnada. Parece que agora… Agora é que eu percebi porque é que venho com um metro e setenta e quatro de altura, porque agora é que eu preenchi todas as partes do meu corpo. É isto que eu sinto. Foi quando eu integrei a sombra. Eu punha-a de lado, escondia-a, tinha vergonha, mesmo. Eu sentia culpa. Então todas aquelas emoções de: Não, eu não vou mostrar isto a ninguém, como não vou mostrar isto a mim própria. Vou por isto naquela gaveta do: Não quero aceder a isto, não quero aceder. Então, agora que abri estas gavetas, deixar sair tudo, olhei para sito de frente. Uau. Agora sim, eu posso falar do que é que é ser autêntico. Agora sim, eu posso falar do que é que é brilhar sem filtros. Sinto que é mesmo nós voltarmos a esta humanidade.

Elsa: E aquela história que eu acho também muito curiosa que eu acho que tu deves ter sentido que é: tu mostraste a tua sombra, ela foi vista por ti e por outros, ainda assim continuas a ser amada. Eu acredito profundamente é que o nosso lado sombra, nós não queremos mostrar, temos vergonha, temos medo que os outros deixem de gostar e nós. Mas mais do que isso, no meu processo, ir á minha sombra, eu tive medo, a dada altura, que fosse enlouquecer. Porque para algumas pessoas e ir á sua sombra é reviver alguns processos bastante traumáticos, duros e feios. Ir lá, em momentos, pode significar: Será que estou bem? Será que estou a ficar louca, o que é que se está a passar comigo? E, portanto, é preciso coragem para ir à sombra. Eu não sei se aconteceu contigo neste processo, acho que aconteceu noutros que nós já falamos sobre isso, mas há um momento em que eu, e tem muito a ver com o título deste episódio, há um momento em que eu fiquei na escuridão completa, mas numa escuridão, de repente abre os olhos e tudo o que vês é tudo escuro. Entraste num túnel escuro, escuríssimo e não fazes a mais pequena ideia de quando é que vais sair de lá.

Carolina: Isso é aterrador!

Elsa: E aí que tu pensas: Vou ficar louca. Vou ficar sempre aqui. Quando é que isto acaba? Quando é que esta travessia acaba? Eu já lá estive e sei o que significa e tive durante dois anos. É um lugar muito feio, muito escuro e que ultrapassa a tristeza porque é um lugar onde não há qualquer vontade de se viver. Não há vontade de viver. A vida perde o brilho, perde o sabor. A comida não sabia nada. Eu saía da cama, era uma sorte ter filhos naquela altura porque tinha de os levar À escola. Mas só eu sei…

Carolina: Eu sei porque eu costumo dizer que os meus filhos, sem saberem, se calhar agora vão saber, salvaram-me várias vezes, várias vezes…

Elsa: Comigo igual. Eu não tenho medo de falar sobre isto. Sendo eu terapeuta ainda é: Ai, mas tiveste aí? Tive e por isso eu sei o que as pessoas sentem e como as pessoas sofrem e o que me salvou foi exatamente a terapia. Porque há um momento em que tu não tens energia absolutamente para nada. É sobrevivência pura e dura. Como eu gosto de dizer se os mínimos olímpicos para conseguires passar… Levar os miúdos à escola… E os miúdos na adolescência… Complicadíssimos e com os próprios processos. Principalmente a minha filha foi super desafiante. Então foi a jornada mais bonita da minha vida, porque depois quanto sais, eu lembro-me que perguntava à minha terapeuta: Marta, diga por favor que eu vou ver uma luzinha qualquer lá ao fundo.

Carolina: Diga-me que este túnel tem fim. Diga que isto não vai para baixo, mas sim para a frente.

Elsa: E ela dizia-me continua a andar, continua a andar. Eu prometo… E isto é difícil um terapeuta fazer esta promessa mas eu prometo que vai ver a luz lá ao fundo. Não sei quando. Isto não era muito confortante, mas… Eu não sei quando, mas a luz vai aparecer, é continuar, é fazemos este processo, é olharmos para aquilo que é preciso ser olhado. E depois percebi que quanto mais depressa olhasse para aquilo que é preciso ser olhado e fosse lá às catacumbas, mais depressa o caminho avançava. Porque eu durante muito tempo, havia um episódio específico que eu não queria mexer. Não, não, não estou preparada. Não, não, não quer ver. Então, é preciso fazer essa sombra.

Carolina: Sim e tu agora estás a falar de uma questão que é importante que ainda não explicaste às pessoas que és terapeuta. Então, gostava só, para terminar aqui a tua história, estavas a contar à bocadinho, entretanto a nossa conversa aqui… Entusiasmamo-nos, mas, só terminar a parte da tua vida que estavas a contar que a melancolia fez sempre parte. E como é que isto faz com que, entretanto, acabes como terapeuta que és hoje e é o que fazes hoje? E onde estás hoje?

Elsa: Eu hoje... Eu estou sempre a refletir sobre tudo. Isso é muito cansativo... E eu hoje estava a sentir exatamente isso. Os terapeutas, na minha opinião, são as pessoas, na maioria, um terapeuta, é alguém que passou por muita dor. E é quase egoísta porque nós estamos sempre em processo, sabes? E eu contino a fazer o processo quando estou a fazer terapia. A pessoa está a fazer processo, a pessoa está à minha frente e eu estou fazer processo… Os processos de transferência, de contratransferência, e eu sinto que estou sempre a fazer processo. Então eu acho mesmo que é neste lugar de tanta dor... Eu sou licenciada em Psicologia. Tirei Psicologia há muitos anos.

Carolina: Eu nem fazia ideia disso, vê…

Elsa: Ah! A sério?

Carolina: Juro-te, não sabia. Não sabia que eras psicóloga de formação. Foi preciso eu fazer um podcast para descobrir isto.

Elsa: Tenho de fazer esta ressalva, que é muito importante. Eu não sou psicóloga porque eu não estou inscrita na ordem. Porque eu me licenciei já lá vão não sei quantos anos, não havia Ordem e eu depois fui fazendo outras coisas na vida e quando resolvi assumir… Quero fazer a terapia, “Agora tem de fazer exames na ordem, e coisas e tal… E não sei se estou disponível para isso, não preciso diplomas, não preciso disso agora na minha vida. E então, agora perdi-me um bocadinho…

Portanto, eu fiz a minha licenciatura em psicologia, também estudei direito. Mas acabei por… Também, não sabias…

Carolina: Vê lá, não fazia ideia… Mas eu vejo-te como advogada.

Elsa: Ai, não!

Carolina: Ai vejo, vejo. Defensora dos pobres e oprimidos. Ai, vejo, vejo…

Elsa: Ah, isso sim! Isso sim… Como diz o Nuno Michaels, uma verdadeira humanista. Mas, eu durante muito tempo andei às voltas e não quis. E foi depois de me resgatar, depois de ter passado, e tive oficialmente uma depressão. Nunca me mediquei, passei pelo processo sem precisar de medicação. E quando saí, e de repente, quando a luz, quando vi a luz ao fundo do túnel, meu Deus… Começou por ser uma coisa muito pequenina: Ai, parece que vi ali uma luzinha. Se calhar percebi mal. Se calhau não era ainda. Pronto, e entrava outra vez. Mas depois de repente comecei a… É como se tivesse mesmo nascido. Sabes? Olha, o céu parece tão azul. Olha, agora estou feliz. Agora estou bem. Ah, mas isto é sol de pouca dura. Mas aos poucos… E quando saí depois passei assim uma temporada, tipo, um ano e tal em que não senti, nem a melancolia, nem a tristeza… Pensei: Eu quero ajudar outros nisto. Quero ajudar outros nisto, porque nós não temos que viver em sofrimento e nós não temos que passar o tempo todo na tristeza e na dor, mas temos que passar pela sombra.

Carolina: Que lindo! Sabes que, eu estava agora a ouvir-te e ainda está a ler um livro que o querido Martim me recomendou do David Hawkings, que é o Letting Go, Deixar Ir, em português e ele diz que nós temos três fases da nossa vida e eu vejo-as completamente espelhadas na tua vida e na minha vida também. Mas na sua vida que é o que estamos a falar agora. Nós temos a primeira fase, que é a do ter. Termos coisas. Depois passamos para a fase do fazer. Precisamos de estar em ação. Ainda há bocadinho dizias: Estamos em ação, a fazer, a fazer, a fazer. Quando, finalmente, chegamos à fase do ser. Que é aquela em que tu estás agora, em que eu estou agora, em que nós somos a nossa verdade e somos a nossa verdade hoje. E tu hoje és terapeuta e eu sou videógrafa e, se calhar, daqui a dez anos fazemos duas coisas completamente diferente e está tudo certo.

Elsa: Até estou curiosa com o que poderá ser.

Carolina: Eu também! Eu por acaso também. E o que eu sinto é que este caminho de resgate do nosso brilho passa também por nós vivermos um bocadinho nesta filosofia mais do ser, e menos do ter e do fazer. Muitas vezes temos de fazer, mas que seja uma consequência…

Elsa: Uma coisa equilibrada, não é?

Carolina: Isso mesmo. Que o centro seja o ser. EU tenho feito muito este trabalho de. Eu sou uma pessoa muito intuitiva e tenho feito muito o trabalho de conscientemente confiar na instituição. Este podcast existe hoje porque a minha intuição me disse que esse podcast ia existir e eu confiei. E, a partir daí, é que eu comecei a fazer. A partir daí é que eu fui falar com as melhores pessoas, com o Martim e com o Hugo da transmissão cápsula para fazer isto. A partir daí é que eu fui entrar em ação. Mas ainda assim, como vem deste lugar do ser, esta ação é uma ação muito mais leve, sabes? Porque eu sinto que eu antigamente, quando não estava no ser, eu estava no fazer, fazer fazer. Eu andava sempre exausta, eu andava sempre sem energia. Eu chegava a casa, sentava-me no sofá e morria para a vida completamente. Eu não tinha energia, eu andava a café, a sério. Eu andava cafés e com uma sensação de que estava em esforço e rezar para que chegassem aqueles vinte e quatro dias de férias que tinha por ano. Porque eu numa primeira vida profissional trabalhei na banca durante dezassete anos, então tinha de gerir vinte e quatro de férias por ano e eu sentia que aquilo era o meu balão de oxigênio para o ano inteiro.

Elsa: Sim, sim…

Carolina: Que é uma coisa que eu hoje, enfim, olho para isso como se eu própria estivesse a sair de…

Elsa: De outra vida.

Carolina: Exato!

Elsa: E foi uma sorte teres ficado só pelos cafés que a maioria das pessoas que chegam a terapia, os cafés já ficaram há muito tempo lá atrás, muitas outras coisas que é preciso, muitos comprimidos e muita coisa...

Carolina: Para teres energia?

Elsa: Para aguentar a vida. Para se aguentar a vida.

Carolina: Pois, estás a ver… É que é isto. É o aguentar a vida. Eu acho que, para mim, isso é uma coisa tão pesada. O sítio onde eu estou neste momento, eu já estive na fase de aguentar a vida. Já estive aí. Eu sei o que é aguentar a vida. Já estando aí, eu consigo comparar com o sítio onde estou neste momento. Eu hoje estou mesmo num sítio de celebrar a vida. E olha que a minha vida não é a vida da Mary Poppins que anda aos saltinhos lá toda feliz e contente. Obviamente que eu tenho todos os desafios… Aos quarenta e seis anos, chiça, se eu não tivesse problemas na minha vida, era de outro planeta, basicamente. Portanto, já tenho a minha dose suficiente e para te dizer, fundo do meu ser, que a vida para mim, eu não tenho que aguentar, eu celebro-a, mesmo de um lugar de celebração.

Elsa: Sim, eu percebo-te.

Carolina: E depois é, lá está, isto vai do centro para fora. É desta celebração que depois contagia e contamina todo o resto. Um bocadinho como este podcast que a ideia é contagiar e contaminar as pessoas com este resgate da nossa autenticidade. Porque eu acreditei quando nós estivermos assim alinhados mesmo connosco e formos fiéis à nossa verdade, a cada momento, trazemos imediatamente leveza para nós e imediatamente, inevitavelmente, leveza para quem está à nossa volta.

Elsa: Eu funciono muito… Caem-me mensagens e imagens e o que eu sinto é que a maioria das pessoas pensa: Ah mas tu és uma privilegiada e por isso podes estar aí.

Carolina: Bom ponto.

Elsa: Normalmente o que eu digo é: Não faz a mais pequena ideia do que foi a minha vida e do que é a minha vida. Eu sou tudo, menos uma pessoa privilegiada. Bem, esta frase não é muito verdadeira. Porque eu sinto-me, desde muito pequenina, que de alguma forma, eu sinto-me protegida. Apesar de tudo o que passei e de ter uma vida difícil, sinto-me protegida. Eu sou sempre salva…

Carolina: By the bell?

Elsa: Sim! Eu sei que vai aparecer uma solução. Espera, aguarda, aguarda, porque vai aparecer uma solução. Portanto, eu de alguma forma, sinto que sou protegida. Mas isso não significa que seja privilegiada. Ou seja, não tive uma vida facilitada e ainda bem que não tive, não queria ter, não foi a vida que eu escolhi e não queria ter. Mas não, as pessoas que vivem na sua verdade e que estão neste sítio não tiveram uma vida privilegiada. Não são de alguma forma assim tão privilegiadas. Podem ser, pode acontecer, mas há muitas que não são. Fizeram o seu caminho. Portanto, chegar aqui, muitas vezes até significa bater no chão, já não aguentaram mais… Eu, houve um dia que… Ok, eu entrego. Olhei para cima, o que é que queres que faça? A partir de agora, não quero saber, eu entrego. Porque nós montamos vidas muito difíceis de desmontar. Quando nos a apercebemos, quando, de repente nos apercebemos, eu até queria mudar de emprego, mas eu não posso porque tenho miúdos, porque tenho uma casa para pagar, ainda por cima um carro de tomo de gama… Para mim o difícil foi largar o ego… Agora, quero ser feliz, quero ser autêntica. Então eu vou ter de descobriu o que isto é.

Carolina: Achas que é possível largar o ego? Largar, largar…

Elsa: É uma maneira de dizer. Mas houve coisas que eu tive mesmo nitidamente, uma grande fatia, uma grande parte. Por exemplo… E agora está-me a acontecer um bocadinho outra vez. Eu deixei a cem por cento uma profissão que me dava muito dinheiro para estar cem por cento numa profissão que não dá nem um terço. Então, há coisas na minha vida, que eu tenho de largar. Ei, caraças, isso custa! Isso custa, portanto, às vezes fazer um caminho de verdade e da autenticidade significa abdicarmos de algumas coisas.

Carolina: Ás vezes? Não. Muitas vezes. Por isso é preciso muita coragem. Sim, sem dúvida.

Elsa: Eu lembro-me, por exemplo, a dada altura quando vendi a minha empresa e quando comecei a querer fazer o meu caminho, os horrores que me custou vender o meu carro e trocar por um pequenino. Porque eu tinha um carrão e aquela Elsa era também aquele carro, e grande vidas, e uma grande casa e profundamente infeliz. Mas eu tinha tudo e estava sempre infeliz…

Carolina: Aparentemente...

Elsa: Aparentemente. E quando ia a caminho do trabalho perguntava-me: Mas é só isto? Mas é isto? E depois sentia-me culpada. Mas estás a queixar-te de quê? Eu fazia toda esta conversa comigo. Estás aqui muito deprimida, a ir para o teu trabalho, mas num grande carrão. Então agarrava-me nisso. Não sejas ingrata, não sejas injusta com a vida porque tu tens tudo o que precisas. E quando vendi este carro, porque a vida é muito sábia, não é? Sabes como é que eu vendi o carro?

Carolina: Não.

Elsa: Então o carro tinha quatro anos, um BMW lindo, todo maravilhoso.

Carolina: BMW, podem patrocinar o podcast.

Elsa: Não, mas eu agora já vou arrumar com o BMW.

Carolina: Pronto, lá se vai o patrocínio…

Elsa: E o motor de um carro com quatro, ou cinco anos, puf, o motor partiu.

Carolina: A sério?

Elsa: E eu: What?

Carolina: Meu Deus…

Elsa: E pensei que era um sinal porque eu vejo sinais em tudo. Então um carro que me tinha custado uma fortuna, vendi-o por dezanove mil euros. Porque ele tinha partido o motor, ele não valia nada… Então à força a vida mostrou-me que, sabes, que não vale a pena. Não vale a pena tu forçares! E pronto, finalmente comprei o carro dos meus sonhos que é um Mini. É o carro dos meus sonhos. Descapotável…

Carolina: Cor-de-laranja, não é? Que é uma cor tchanam!

Elsa: Laranja! Porque nessa altura eu já estava a celebrar a vida. Já não queria um carro preto, normal. Então, um Mini, descapotável, laranja. E sabes que toda gente reclamou. Só houve uma pessoa que não reclamou, porque era pequenino, porque era laranja, porque era não sei quê… E eu dizia, principalmente os meus filhos, Não querem, podem vir a correr atrás do carro. Eu vou aqui maravilhosa. E quando os ia buscar à escola: Ai, ai, ai, esconde, esconde e eu a viver o esplendor. Mas custou-me e durante muito tempo sabes o que é que eu pensava? E não tenho vergonha nenhuma de dizer isto. O que é que as pessoas vão pensar? Deixei de ter um BMW, agora só tenho um Mini.

Carolina: Como se isso dissesse de ti.

Elsa: Pois, mas nós estamos condicionados… Porque a minha identidade é um mini laranja que vou tê-lo sei lá durante quantos anos…

Carolina: Claro, porque esse carro representa o teu Ser!

Elsa: A minha liberdade, representa que já não sou escrava de ter de pagar a conta, já não sou escrava de… Larguei imensa coisa. Fui largando, largando…

Carolina: Eu vou-te dizer o que estou a visualizar neste momento é que o teu carro está ao serviço do teu ser, neste momento, não é o teu ser ao serviço do carrão que tu tinhas antigamente. Deixas-te de ficar refém disso e eu também passei por isso quando trabalhava na banca. Foi muito difícil largar. Eu era diretora geral de uma sociedade gestora de fundos de investimento, então as pessoas diziam-me: Estás louca! Isso é um emprego de sonhos para qualquer pessoa! E eu dizia: Olha, vai ficar disponível, podem se candidatar, se quiserem…

Elsa: O sonho de outro…

Carolina: Eu também achava que era um sonho. Mas quando cheguei lá, eu também senti-me mais presa do que livre. É isso, é que a pessoa sente-se mais presa do que livre. Eu andei a dificultar a vida a minha própria. Foram anos que eu podia ter feito aquilo à corta-mato, mas pronto. Foi o tempo que foi e era o que era preciso e concordo contigo.

Elsa: É preciso estarmos preparados.

Carolina: Sim, temos que nos ir munindo das ferramentas. Então, tanto eu, como tudo estamos numa fase da nossa vida em que eu sinto nós já temos as ferramentas para partilhar com mundo. Deste sítio, de sermos que é um sítio que, na minha opinião, traz muita energia, traz muita coragem. Eu há cinco anos atrás, três anos atrás, não teria coragem de vir vestida desta forma, não tinha dito.

Elsa: Pois não, adoro!

Carolina: Não tinha! E tu há três anos atrás já me conhecias. Eu não teria coragem de fazer isto. Para mim é coragem e assumir, é assim está-me a apetecer, isto é simbólico para mim, é importante e eu vou. E começar mesmo a libertar-me do tema do julgamento, que é um tema que nós falaremos mais para frente neste podcaste que é um tema muito importante para todos nós e que nos condiciona. E então, hoje, és terapeuta. E o que é que tu fazes? Já agora aproveita para contar às pessoas. Eu sei o que é que tu fazes, mas eu sei que as pessoas devem estar curiosas.

Elsa: Olha, eu… Tu estavas a falar aí no Ser e o que eu sinto sempre é eu traduzo isso que me estás a dizer porque tu estás a fazer a tua jornada da alma. Eu costumo dizer que a mente fascinava-me, era fascinada pela mente. Hoje sou fascinada pela alma. Porque eu associo muito a mente ainda ao ego e à ação, ao fazer. O ser, para mim, está mais ligado à alma. Então, o que eu faço, numa frase, é levar as pessoas da jornada da mente para a alma. Como é que eu aplico isso na prática? Sou psicoterapeuta transpessoal. Trabalho com estados modificados de consciência, faço regressão e faço muitas outras coisas que ainda tenho um bocadinho de vergonha de falar. Mas nada de mal, atenção!

Carolina: Esperem pelos próximos episódios deste podcast e vão ver a Elsa…

Elsa: Não tem problema nenhum, mas uso o meu tambor e usou assim umas coisas quando me apetece e gosto muito do mundo mais oculto.

Carolina: Que lindo, que lindo!

Elsa: Aquilo que não é visível. Sinto-me sempre acompanhada, trabalho com muitos seres que não são… E aqui já estou a expor um bocadinho a minha coragem de… Acredito em coisas que muita gente não acredita, acredito na reencarnação, acredito que há muito mais do que nós pensamos e durante muito tempo achava que não, que isto era o que era. E depois comecei a acreditar que havia muitas coisas para além do que era visível. Então, e sinto-as e vejo-as. Então, é isso que eu faço. Em terapia, ajudo, de mão dada, a fazermos este caminho da mente, do ego, para a alma.

 

Carolina: Eu adoro! E o que estava a sentir quando estava ouvir, é assim todo o amor que pões nisso. E eu sinto mesmo que o amor é a emoção, como se assim envolvesse e preenchesse todos os espaços que estão entre nós, fisicamente, que estão entre nós, emocionalmente. É assim a bolha de suporte e sustentação. É mesmo para mim a emoção que mais cura, que mais traz o crescimento, que mais convida a introspeção, que mais convida a partilha, a abertura e a socialização. E não é por acaso que eu escrevo cartas de amor e nas minhas cartas de amor é mesmo espaço deste lugar que escreveu, da minha verdade. E o amor às vezes toma variadíssimas formas.

Elsa: Sim, às vezes há o tough love.

Carolina: Não é só dizer: Eu amo-te, Elsa. Porque te amo.

Elsa: Eu também te amo muito, meu amor.

Carolina: Mas é também…

Elsa: Olha que…

Carolina: Nós combinamos que não íamos estragar a maquilhagem.

Elsa: Espera lá que a última vez que me maquilhei foi para me casar.

Carolina: Adoro!

Elsa: Isto levou-me quase cinco minutos.

Carolina: E, portanto, meu amor, agora que já te conhecemos, eu já conheço o seu brilho, mas imagino que quem está ouvir já começa a antecipar esse brilho. E quem nos ouviu até agora, já está de certeza assim a sentir o match contigo.

Elsa: Estou a começar a ficar com medo do que é que vais…

Carolina: Não tenhas, eu disse que podias confiar em mim.

Elsa: Eu confio, sabes que eu confio.

Carolina: O convite é para que de facto as pessoas continuem a acompanhar esta jornada porque o que eu acredito é que a cura de um, é a cura de todos! E que, ao ajudar-te a ti neste processo, ao longo deste podcast, eu estou a ajudar-me a mim também, como tu fazes nas tuas terapias e ao ajudarmo-nos uma à outra estamos a ajudar todas as pessoas que nos estiverem a ouvir. Então, nós no próximo episódio, o título do próximo episódio é “Quando o corpo perde o brilho”.

Elsa: Ui!

Carolina: Sim, temos muito para falar sobre isso.

Elsa: Com estas idades, filha, não há corpo que aguente.

Carolina: Portanto, nós vamos intercalar a gravação destes episódios intencionalmente, para tu tenhas tempo de integrar tudo que viveste. Então o que eu te vou pedir é que faças mesmo assim, logo à noite, em casa, uma revisão do que nós vivemos aqui ao longo deste podcast, as emoções que tiveste, o que sentiste. Para partilharmos na próxima gravação que será daqui a mais ou menos uma semana. Nós vamos sempre deixar, no mínimo, uma semana de intervalo entre a gravação de cada episódio para teres tempo de integrar e depois partilhares isto também no próximo episódio.

Elsa: Ok.

Carolina: E a quem nos está a ouvir, quero agradecer, por fazerem parte, e por se terem juntado a estas duas grandes amigas que se juntaram com esta intenção de tornar o mundo um sítio no sítio melhor. Que acreditam que a autenticidade é de facto um dos caminhos bonito para fazermos isto. E se vocês também acreditam, avaliem aqui o nosso episódio, coloquem o vosso comentário. Deixem-me ver a vossa luz. Vou adorar ver a vossa luz e ajudem-nos dessa forma a que a nossa mensagem chegue mais longe e possamos ajudar mais pessoas a brilhar, Sem Filtros!

bottom of page